A Filatelia Juvenil no Brasil não está bem. Nada Bem. Do meu ponto de vista, ela consegue estar em pior estado do que a Filatelia Brasileira no seu aspecto geral, o que é absolutamente espantoso considerando o estado atual de nossa Filatelia.
Já faz algum tempo que não surgem novos expositores vindos das camadas juvenis. Já faz tempo que os poucos jovens que surgem, ao invés de serem orientados e estimulados, são tratados com a indiferença por aqueles que “sabem tudo, mas não dividem nada“.
Já faz tempo que os Clubes não anunciam e promovem cursos direcionados para esta faixa etária jovem (aliás para nenhuma faixa etária!). Muitas vezes por absoluta falta de público, entretanto na maior parte das vezes por não saberem como fazer, ou não terem a percepção de que tal atitude implica na sua extinção.
Não se conhecem políticas de incentivo ao surgimento de novos filatelistas seja por parte da Federação Nacional, seja por parte dos Clubes e em última instância do próprio Correio Brasileiro. Talvez seja o momento de pararmos para refletir sobre este sério problema, e procurar equacionar as questões a ele relativas e criar uma série de ações que mostrem-se eficazes em sua capacidade de aumentar, de maneira substancial, o número de novos colecionadores nesta faixa etária. É preciso que produzamos resultados de forma imediata!
Com quem poderíamos contar para estabelecer este necessário procedimento? Particularmente, sou um entusiasta de trabalho que venha a ser feito, de maneira continuada e de forma acompanhada, nas escolas sejam elas públicas ou privadas. Acredito que seja no ambiente escolar, que está o público que devemos atingir. Entretanto, para que esta inserção seja eficiente, é necessário apresentar aos diretores e mestres de nossas escolas as possibilidades que a filatelia trás do ponto de vista do uso de seu material no dia a dia do ensino.
Indiscutivelmente, nossas crianças têm sua maior dinâmica de convívio nas escolas. Os seus primeiros desejos e interesses surgem neste dia a dia. Portanto, devemos entender que, dentro de um leque de opções que pela escola lhes é oferecida, a filatelia poderia (deveria) fazer deste conjunto de opções. Portanto, concentrar as ações no âmbito escolar me parece ser a opção mais favorável ao estabelecimento de uma ação produtiva. Nesta ação, torna-se indispensável o apoio de órgãos públicos da área de educação: Secretarias Municipais e Estaduais de Educação e da Cultura, por exemplo, deveriam ser convidados a apoiar e participar desta atividade. Para tal, deveriam ser a eles apresentados um projeto que, além de mostrar a viabilidade da filatelia como elemento de difusão de conhecimento em variadas áreas da ciência e tecnologia, da cultura e dos costumes, da história e geografia, etc, também se apresentasse como viável do ponto de vista de sua execução, aqui sendo realçadas as repercussões que o sucesso do empreendimento poderia ter.
Nesta caminhada Clubes, Associações de Comércio e Jornalismo Filatélico, Federação e Correio deveriam se apresentar como um sólido e unitário núcleo na defesa do potencial disseminador de cultura que a filatelia tem. De maneira coordenada, poderiam ser apresentadas e implementadas ações piloto em algumas poucas escolas devidamente escolhidas pelo Brasil afora, que pudessem gerar uma rápida repercussão, mostrando que o que se faz necessário para o sucesso do empreendimento é apenas sistematizar o processo com a formação de monitores filatélicos que poderiam em uma fase inicial serem supervisionados por estas entidades. Com o andamento do projeto estes monitores e/ou professores poderiam ser estimulados (tanto do ponto de vista de conhecimento quanto de elementos necessários) a se tornarem potenciais organizadores de núcleos filatélicos que poderiam estar sendo supervisionados em seu nascimento pelos Clubes de sua cidade ou de seu raio de ação. Pensar em torneios filatélicos municipais, estaduais e nacionais entre as escolas, onde conhecimento filatélico (histórico e prático) além de coleções montadas fossem avaliados, poderia trazer a competitividade ao projeto o que poderia aumentar o interesse dos jovens em participar. Garantir divulgação aos vencedores (escolas e participantes individuais), disseminar o acontecimento em sites relacionados ao tema bem como em grupos e comunidades de discussão, poderiam ser ações que viessem a aumentar o interesse do jovem bem como “oxigenar” a prática filatélica hoje tão enrustida em procedimentos ultrapassados e longe de atenderem ao mundo interligado e super-ativo de nossos jovens. Dentro desta perspectiva, caberia a Federação e aos Clubes a ela associados, com o apoio dos Correios e demais órgãos públicos conquistados pelo projeto, e dentro de um planejamento conjunto, organizar e promover cursos de pequena duração em que fossem abordados os fundamentos básicos da Filatelia (histórico e prático), bem como seu uso potencial como indutor de atividades escolares. Seriam necessárias, e muito bem-vindas, aqui a produção de livros, livretos, boletins e apostilas que sustentassem a atividade destes monitores/professores.
É absolutamente necessário que todos aqueles que pensem com responsabilidade no futuro de nossa filatelia se juntem para apoiar iniciativas que visem definir esforços na disseminação da filatelia entre os nossos jovens.

(FONTE: http://www.clube-filatelico-do-brasil.com/news/ainda-existe-filatelia-juvenil-no-brasil-rubem-porto-jr-/, 08/07/2012 15:27)

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