Sob o ponto de vista etimológico a palavra toponímia deriva do gregos τόπος, “lugar”, e ὄνομα, “nome”, significando, portanto, “nome de lugar”.
Numa consulta rápida a Wikipédia lemos que este verbete designa basicamente:

“… a divisão da onomástica que estuda os topônimos, ou seja, nomes próprios de lugares, da sua origem e evolução; é considerada uma parte da linguística, com fortes ligações com a história, arqueologia e a geografia.” (https://pt.wikipedia.org/wiki/Topon%C3%ADmia)

O adjetivo toponímico, por sua vez, refere-se aquilo que é relativo a toponímia ou a topônimo, bem como, encerra a ideia daquilo que é próprio de um lugar ou de uma região.
Quando nos inclinamos para o campo filatélico o emprego deste qualificativo está nos direcionando para os carimbos ou marcas toponímicas. Isto é, os carimbos datadores ou marcas postais, com função meramente obliterativas, composta de um texto, todavia carentes de imagem.

Devemos ter sempre presente que uma coleção temática tem como elemento primordial a imagem que se relaciona perfeitamente com o tema escolhido ou alguns de seus desdobramentos. Deste feita, a utilização desmedida deste tipo de peça que contém apenas texto, sob certo prisma, foge deste norte. Imaginemos numa coleção que tenha como tema os povos indígenas brasileiros o uso de várias peças, ao largo de todo um capítulo, em que se lê nome de inúmeras cidades formadas a partir de vocábulos guaranis (por exemplo, Itajaí). Além do caráter enfadonho da apresentação, o emprego repetitivo acaba dando ao trabalho exposto a cara de uma coleção de história postal. Além disto, não devemos esquecer que a diferença entre o remédio que cura e o veneno que mata, por vezes está dose. Portanto a utilização destes carimbos deve ser feita de forma equilibrada, como todas peças aliás, afinal viva a diversidade!
Outro fato que justifica a utilização deste tipo de material em nossa coleção temática deve ser a perfeita consonância com o tema. Exemplificativamente, não é correto utilizar um marca postal da cidade de Atlanta (EUA) para indicar que Martin Luther King nasceu neste local. Da mesma forma, não é correto lincar uma mera data presente num destes carimbos com um fato histórico específico. Assim, usar um carimbo datado de 22 de abril de 1870, para dizer que Lenin nasceu neste dia, não é aceitável. Tampouco é adequado utilizar uma marca postal de Paris em uma coleção dedicada a Torre Eiffel para dizer que esta construção está localizada na capital francesa.
Os três casos anteriormente apresentados são equivocados pois tem em comum o fato de que a marca postal empregada não guarda qualquer relação (direta ou indireta) com o tema desenvolvido na coleção, tratam-se de empregos forçados destas peças. Isto não é admissível, sobre nenhum aspecto!
Por outro lado, é plenamente correto utilizar uma marca postal da cidade de CHIHUHUA em una coleção de cachorro, dado que esta raça é oriunda do México e tomou seu nome do mencionado estado onde foi descoberto. Consonância perfeita, emprego adequado.

Da mesma sorte a marca postal manuscrita (“P. Black Swan”), presente na imagem abaixo, seria perfeitamente adequada para documentar este tipo de aves endêmica da Austrália.

Da mesma forma que o carimbo Dinosaur (dinossauro) é perfeitamente utilizável numa coleção de animais pŕe-históricos. O mesmo aliás, designa uma localidade, situada em Moffat Country (Colorado), sendo denominada originariamente “Artesia”. O nome mudou em 1966 face sua proximidade com o Dinosaur National Monument. Como  se vê temos uma razão de ser que justifica a inclusão do carimbo abaixo nesta coleção.

Por outro, as vezes pesquisas devem ser feitas para verificar da pertinência e adequação ou não da inclusão de uma determinada marca numa coleção específica. Para aclarar apresento dois derradeiro exemplos, vejamos:
O Rei do Baião, Luiz Gonzaga, é natural da cidade de Exu, localizada no sertão pernambucano. Exu, por sua vez, é uma divindade da cultura Ioruba. Pois bem, é possível a inclusão de um carimbo da cidade de Exu numa coleção de religiosidade afro-brasileira?

Consultando a wikipedia lemos acerca da origem do nome da referida cidade que:

“Segundo o IBGE, há duas versões prováveis para o nome do município. A primeira é que seja uma corruptela de Ançu, uma tribo índigena que habitava o entorno. Outra, é que o nome tenha vindo da abelha enxu (inxu), muito comum na região à época. Há que se notar que dificilmente as origens do nome sejam no orixá homônimo, haja vista que à altura da fundação da vila, criada por colonos, apenas indígenas habitavam o local.
Deve-se considerar que devido a influência dos cristãos novos (muito abundantes em Pernambuco naquela época) o nome da freguesia “Aflitos de Exu” pode aludir à aflição que os marranos sentiam por serem perseguidos pelo Tribunal do Santo Ofício que os perseguiu desde Espanha e Portugal até ao Brasil. Para fugir da Inquisição aqueles marranos buscaram se instalar cada vez mais no interior de Pernambuco. Ieshu (ou IEXU em português) é uma palavra hebraica (a língua dos marranos pernambucanos) e significa Jesus.” (in https://pt.wikipedia.org/wiki/Exu_(Pernambuco).

Logo a sua utilização não é cabível na coleção referida.
Outro exemplo, uma marca da cidade de Florianópolis poderia ser usada numa coleção de flores? Negativo, pois a cidade tem este nome em homenagem ao ex-presidente Floriano Peixoto e nenhuma relação com flores.

Podemos concluir portanto, que temos nos carimbos toponímicos um tipo material passível de emprego em nossos trabalhos, entretanto mediante uma pesquisa objetivando verificar as adequações e pertinências.

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